Erva-das-pampas (Cortaderia selloana)
Sobre a Cortaderia
A Cortaderia selloana, vulgarmente conhecida por erva-das-pampas ou penachos, é considerada uma espécie exótica invasora. Representa uma séria ameaça à biodiversidade e está associada ao agravamento das patologias respiratórias nos humanos.
A Cortaderia floresce no verão, sendo capaz de produzir sementes (até 100.000 em cada pluma feminina) que se dispersam facilmente com a ajuda do vento.
Tem uma capacidade de se desenvolver em solos muito pobres, secos e duros, o que impede o desenvolvimento de espécies nativas.
O que distingue bem estas plantas são as suas plumas, penachos ou inflorescências.
A erva-das-pampas foi inicialmente introduzida como planta ornamental, por ser bastante vistosa e resistente. Originalmente eram apenas comercializadas as plantas femininas, impedindo assim a sua reprodução por via seminal. A hipótese mais provável é que, mais tarde, tenha ocorrido a introdução de plantas hermafroditas. A partir do momento em que os dois tipos de plantas passaram a coexistir, a erva-das-pampas começou a reproduzir-se por semente. Tornou-se, assim, numa espécie invasora altamente prejudicial para os ecossistemas e seres humanos.
As plantas hermafroditas são capazes de produzir sementes viáveis, mas numa quantidade muito baixa, pelo que a sua principal função consiste em doar pólen para a fecundação das plantas femininas.
A Cortaderia no concelho de Oliveira do Bairro
Nos últimos anos, assistiu-se a um aumento do número de exemplares de erva-das-pampas por toda a área do concelho de Oliveira do Bairro. A ocupação da Cortaderia no nosso território é ainda dispersa, contudo, foram já identificados núcleos desta espécie.
A quantidade e qualidade dos valores naturais existentes, torna a sua conservação e preservação numa regra a ser cumprida.
Por esta razão, considerou-se fundamental a adoção de mecanismos de prevenção, controlo e erradicação da erva-das-pampas.
“Oliveira do Bairro Livre de Cortaderia” é um projeto criado no âmbito da candidatura aprovada ao Fundo Ambiental, seguindo as indicações delineadas na Estratégia Transnacional de luta contra a Cortaderia selloana no Arco Atlântico, elaborada no quadro do projeto internacional LIFE STOP Cortaderia.
Como eliminar a Cortaderia?
Arranque manual
É um método efetuado à mão, picão, enxada, picareta, pá grande, pá pequena, luvas, tesoura de poda, roçadora, corta-sebes, guincho portátil.
Consiste em arrancar as plantas com a raiz incluída para evitar possíveis ressurgimentos. Com altas densidades, ou exemplares grandes e dispersos, pode-se desmatar primeiro e depois arrancar as raízes.
Poderá ser efetuado em qualquer altura do ano, embora preferencialmente antes da floração. Se for feito durante a floração, deve combinar-se com o corte de inflorescências.
Arranque mecânico
Este método é utilizado, preferencialmente, sempre que se verifique a existência de grandes massas monoespecíficas. A retroescavadora arranca a planta pela raiz, podendo ser usada para enterrar os restos da planta “in situ”. Pode ser efetuada uma desmatação prévia. Com poucos exemplares, poderá ser efetuado um arranque com guincho.
As plantas removidas são empilhadas para tratamento posterior ou viradas para que as raízes fiquem expostas ao ar e morram.
O arranque mecânico poderá ser efetuado em qualquer altura do ano, embora preferencialmente antes da floração. Se for feito durante a floração, deve aplicar-se previamente o método de corte de inflorescências.
Corte das inflorescências
Este método é aplicado antes do amadurecimento das sementes.
Para evitar uma possível dispersão acidental, são colocadas em sacos completamente fechados. Esta ação é acompanhada por uma revisão subsequente, caso surjam novas inflorescências. Os meios necessários são as tesouras de poda, corta-sebes, luvas e outros equipamentos de proteção individual.
Deverá aplicar-se este método de julho a novembro, ou quando se detetam novas inflorescências devido à possibilidade de florescer fora da estação.
É utilizado em plantas de qualquer tamanho, capazes de produzir flores, principalmente, em áreas e ecossistemas sensíveis e prioritários.
Método da desmatação
A desmatação consiste na eliminação da parte aérea da planta, evitando, desta forma, a floração. Recorre-se a motorroçadora manual ou trator com roçadora.
Este método é utilizado entre 15 de julho a 15 de setembro, antes da maturação das sementes. É seguido pelo arranque, em qualquer época. Pode efetuar-se em qualquer tipo de terreno, entre exemplares de qualquer tamanho, tanto em massas contínuas como em exemplares isolados ou dispersos.
Manuseamento dos restos das plantas arrancadas ou cortadas
Sempre que se trate de restos sem partes reprodutoras (sem inflorescências) deve depositar-se no mesmo local de trabalho (triturar, enterrar ou solarização) ou remover para um ponto limpo para destruição ou reciclagem.
Por outro lado, quando se trate de restos das partes reprodutoras (inflorescências) deverá atuar-se com muito cuidado, de forma a evitar-se a dispersão acidental. As plumas são removidas em sacos bem fechados e integrados no sistema de gestão de resíduos para tratamento adequado. Outras opções para a gestão das inflorescências a considerar são, o seu enterramento a uma profundidade entre 40 a 50 cm, impedido que haja novo surto ou a sua queima controlada das plumas com sementes (só em forno fechado). Os restantes restos vegetais podem ser queimados ao ar livre.
Os solos submetidos a intervenções, devem ser restaurados, de forma a que não fiquem suscetíveis a novas instalações indesejadas de Cortaderia, recorrendo, por exemplo, à plantação ou cultivo de espécies autóctones.
Apelamos à população para que não utilize a erva-das-pampas como planta decorativa, por ser altamente prejudicial para os ecossistemas e seres humanos.