Topónimo
Oliveira do Bairro como núcleo populacional é bastante antigo. Perde-se nos tempos e antecede a própria fundação de Portugal. Então, com a forma primitiva : Ulvaria, primeiro, depois, Ulveira.
O primeiro documento (que se conhece) a dar notícia da existência da terra de Oliveira tem data de 922, fazendo parte da doação de várias terras ao Mosteiro de Crestuma(...).
Oliveira (só mais tarde do Bairro) aparece quase sempre por força dos limites com Aguada ou Sangalhos ou mesmo Barrô. (...)
A evolução toponímica foi sendo feita pelo povo ao longo dos séculos e no rol de freguesias do bispado de Coimbra de 1235 (ou 1245) é referenciada a paróquia de S. Miguel de Ulveira, étimo que deu origem à actual grafia, Oliveira, recuperando o i que perdera em Ulvaria ou Ulveira (deveria ser Olivaria ou Uliveira, mas a toponímia tem destes fenómenos fonéticos)(...).
Se Oliveira tem origem em Ulvaria (Capis Ulvaria como era designada no tempo dos romanos) e mais tarde (989) apenas Ulveira, em função disto, a terra devia chamar-se Cabeço de Oliveira, na tradução correcta de Capis Ulvaria, mas começou a andar desacompanhada da primeira palavra Capis (mas no entanto sobrou o Cabeço, mas desligada de Oliveira…) e só bem mais tarde se juntou a palavra barro que evoluiu para bairro que vem do barrium e nunca de apelido de uma antiquíssima família da vila de que um dos últimos descendentes teria sido Tomé de Bairros. Pode concluir-se, assim, sem qualquer reticência ou espasmo, que antes de lhe ser acrescentado o Barro (Barrium, inicialmente, que evoluiu para Bairro, mais tarde), a palavra na sua singeleza era Ulvaria, Ulveira, apregoando assim um atributo que tinha a terra – era propícia à cultura da oliveira e consequentemente à produção do azeite(...).
Assim, o barro, ou o barrium, entra na configuração do topónimo “como um sobrenome determinativo”, caracterizando o tipo de chão onde se davam bem, e em abundância, as oliveiras(...).
A explicação de Leite de Vasconcelos, ou mesmo Joaquim da Silveira não colhe assim fundamento seguro, porque, seguuindo esse raciocínio, era natural que não houvesse apenas uma Bairrada (região) e uma outra na zona do Ribatejo, mas muitas bairradas, sobretudo, à volta das cidades, onde, então, sim, haveria muitos barrios com sentido de agregado populacional, mas foi o seu solo barrento que concorreu para uma forte proliferação de topónimos derivados, como bairros, barreiro, barreirão, barreiras(...).
De resto, a evolução do étimo barrium para a palavra bairro foi bem ao gosto popular(...).
in “Oliveira do Bairro – Alma e Memória”, de Armor Pires Mota